Resenha - O reino das vozes que não se calam, Carolina Munhóz e Sophia Abrahão

     Sophie prefere se esconder de todos a ter sua existência notada. Tímida e insegura, a garota não mostra seu talento e beleza e tem dificuldades para se relacionar com os colegas do colégio. Quando ela briga com a melhor amiga, vê sua pouca interação ir embora e acaba se afundando na solidão, tendo que enfrentar o bullying por parte dos colegas e sinais de um início de depressão.

     Sem coragem de enfrentar seus problemas, Sophie encontra um refúgio em um sonho extremamente real. Em um mundo mágico e colorido, ela não tem medo de ser ela mesma e pode contar com o amor incondicional das criaturas de lá. Perdida entre realidade e fantasia, a jovem conta com o apoio de um garoto novo no colégio e da guardiã de seu mundo encantado para escolher entre lidar com a realidade ou viver em um eterno conto de fadas.

     Fantasias, em seus diversos estilos, são meu ponto fraco. Não posso ver um livro envolvendo mundos e criaturas mágicas sem ficar curiosa. Tive interesse por esse livro assim que ele foi lançado, mas demorei bastante para ler, a história não me decepcionou, embora não tenha sido bem o que eu esperava.

     Sophie é uma jovem solitária que sofre com o preconceito dos colegas, assim como muitos adolescentes ela passa por uma fase em que acredita que ninguém pode compreendê-la e com isso afasta as poucas pessoas que tentam se aproximar. É claro que me solidarizei com a personagem, até porque já tive momentos que me senti como ela, mas ao mesmo tempo me irritei com sua falta de ânimo e choro constantes. Mesmo seu relacionamento com os pais é complicado, ela se revolta contra eles, quando é nítido que eles só querem ajudar.

"Sophie sempre via tudo em um único tom. Pálido, sem graça e triste. O tipo de pigmento ignorado pelas outras pessoas."

     Apesar disso, me envolvi bastante com o estilo da narrativa e fiquei ansiosa junto com a protagonista por suas viagens para o reino. Lá, ela não tinha medo de agir com naturalidade e seus receios desapareciam com a certeza de ser amada por todos os moradores. Esse reino colorido e mágico me encantou completamente, senti falta de algumas explicações sobre ele e as autoras conseguiram deixar certo mistério sobre a existência, ou não, do lugar. Imagino que isso seja esclarecido no segundo livro.

     Léo, o garoto novo do colégio, tem um estilo parecido com o de Sophie e ela logo chama a atenção do garoto, que parece não se importar com o que os outros podem pensar. Ele é um príncipe, sempre sabe o que a garota precisa e não se afasta mesmo quando ela fica mais deprimida. Gostei muito do personagem, ele é o estilo de mocinho faz muitas leitoras suspirarem.

     A narrativa é em terceira pessoa, mas acompanha a protagonista o tempo todo, o que é bom e ruim, pois deixa o leitor bem próximo dela, mas não dá uma visão do que está acontecendo com os outros personagens. A escrita das duas autoras é ótima, fluida e não tem como separar a parte de cada uma na história. As descrições são muito boas, as paisagens e roupas são bem descritas, sem deixar a leitura cansativa. O livro tem um estilo juvenil, mesmo tratando de temas pesados, como depressão.

"Era estranho, mas aquilo fazia sentido para ela. Eles estavam presos em um pequeno espaço chamado vida."

     A edição está linda, a Editora Rocco teve muito cuidado com esse livro. A capa é chamativa e tem tudo a ver com a história, o interior do livro também é muito bonito. O cuidado também foi para a revisão, que é impecável, As páginas são amareladas e a fonte tem um tamanho bem confortável.

     Recomendo a leitura para quem gosta de romances juvenis com um toque de magia e um bom tanto de drama adolescente. Vale lembrar que o segundo livro já foi lançado, com o título O mundo das vozes silenciosas, estou bem curiosa sobre como essa história vai continuar!