Resenha - Evelina, Frances Burney

     Evelina é filha irreconhecida de um aristocrata inglês, mas foi criada por um reverendo provinciano. A jovem, muito bela e inteligente, nunca tinha ido a uma grande cidade, com quase dezoito anos ela é convidada por uma grande amiga da família a passar uma temporada em Londres. Em Londres, a moça ingênua é apresentada à sociedade, onde uma série de eventos, muitos deles cômicos, acontecem em sua vida.

     O romance Evelina conta a evolução da protagonista a partir do momento que ela sai da proteção do reverendo Mr. Villars e sua entrada na complexa sociedade inglesa do século XVIII. Além da história de uma moça, o enredo traz muitas vezes sátiras à sociedade em que Evelina está inserida. A obra é considerada precursora dos livros de Jane Austen, que tratam de algumas questões semelhantes.



     Logo que li sobre o lançamento de Evelina fiquei ansiosa pela leitura. Como uma fã de Jane Austen, queria muito conhecer a escrita de uma da autoras que a inspiraram. Comprei o livro ainda em pré-venda e fiquei surpresa quando ele chegou antes do esperado. Comecei a ler logo, mas não foi uma leitura tão rápida, pois apesar de a escrita da autora não ser difícil, são vários personagens e a história não fluiu tão bem como nos livros que eu estou mais acostumada a ler.

     Evelina é uma moça simples, ela sempre morou com Mr. Villars, um reverendo que também cuidou da mãe da moça, acolhida por ele quando o marido se recusou a admitir que estavam casados, então Evelina cresceu sem o pai e sem a mãe, que morreu no parto. Mesmo com essa história de vida triste, a protagonista não têm muita curiosidade sobre sua família consanguínea, quando surge uma oportunidade de ir para Londres, nem que seja por alguns dias, ela aceita e é assim que sua vida começa a mudar.

     A protagonista chama muita atenção por sua beleza e logo fica conhecida nos salões londrinos e a estada, que era para ser curta, aos poucos vai se estendendo. O amadurecimento da personagem conforme passa o tempo longe de casa é claro, ela continua sendo muito bondosa, mas começa a diferenciar os vários tipos de pessoas que podem ser encontradas em uma cidade grande. Alguns encontros inesperados acontecem, pessoas são conhecidas e revelações são feitas.

     O número de personagens apresentados no decorrer do livro é bem grande, alguns com mais importância e outros com menos, grande parte deles têm um traço cômico bem ressaltado, algumas ações são levadas ao exagero, eu, particularmente achei algumas passagens bastante irreais, principalmente para a época.

     A história é toda narrada através de cartas, principalmente de Evelina destinadas ao seu protetor, o reverendo Mr. Villars, mas há a possibilidade de conhecer o ponto de vista de outros personagens através de suas correspondências. Já estava acostumada com esse tipo de narração, mas me surpreendi ao encontrar algo assim em um livro mais antigo, gostei da forma como Evelina mantinha uma espécie de diário de viagem com o Mr. Villars.

     A edição está muito bonita, com as ilustrações originais a cada poucas páginas e essa capa linda. As páginas são amareladas, com as letras de um tamanho perfeito para não deixar a leitura cansativa. Foi minha primeira leitura da Pedrazul Editora e fiquei muito satisfeita com seu trabalho de tradução e edição.

     Enfim, indico o livro para todos que gostam de clássicos e querem conhecer um romance diferente, que trata principalmente do amadurecimento de uma jovem no século XVIII, mas que faz toda uma análise das relações sociais e familiares da época.