Resenha - Se eu ficar, Gayle Forman

     Aquele dia tinha tudo para ser um feriado divertido com a família... A pequena quantidade de neve nas estradas não impede Mia e sua família de saírem para visitar alguns amigos, mas um acidente acontece e tudo muda em um único instante. Todas as decisões foram tiradas da garota, menos uma, a única que importa agora.

     Mia não tem uma vida perfeita, mas tinha inúmeras oportunidades em seu futuro, estudar música, manter um relacionamento à distância com o namorado, se mudar para longe da família. Tudo muda depois de um acidente muito grave e ela se vê lutando pela própria vida. Até que ponto valeria resistir depois de tudo que aconteceu? Poderia o amor superar a dor mais profunda que ela já sentiu?

     Se Eu Ficar foi uma leitura muito esperada, antes mesmo dele ser relançado pela Novo Conceito eu já tinha curiosidade sobre a história e posso dizer que minhas expectativas foram alcançadas, mesmo que não seja tão emocionante como parece quando lemos a sinopse.

"Se eu ficar. Se eu viver. A escolha é minha."

     A narrativa é alternada entre o presente e cenas do passado, quando Mia relembra seus momentos felizes com a família, sua melhor amiga Kim e o namorado, Adam. É durante esses flashbacks que conhecemos melhor os personagens, seus objetivos, sonhos e também as dificuldades que estavam passando.

     Já no presente, Mia está em coma no hospital e de alguma forma fica fora de seu corpo e consegue acompanhar as pessoas. Sem entender muito bem o que está acontecendo, escuta de uma enfermeira que a decisão de ficar ou não é dela. A partir desse ponto a protagonista tenta decidir se valeria a pena continuar viva depois do que aconteceu, se ela teria ânimo para seguir em frente...

     O que mais chamou minha atenção nesse livro foi a forma como a autora criou relações extremamente realistas entre os personagens. A forma como Mia e sua família se relacionam me lembrou a minha própria, a amizade dela com Kim não foi falsa, não teve exageros e o namoro com Adam me convenceu completamente, com as brigas comuns e o medo do futuro com os dois indo para cantos diferentes do país para cursar a faculdade.

     Mia é uma garota comum que se sente um pouco deslocada na família por não gostar tanto de rock quanto os pais. Ela toca violoncelo desde pequena e tem chances de entrar para uma grande faculdade. Talvez até a famosa Juilliard.

"Nunca vi ninguém se entregar à música como você. É por isso que gosto de ver você ensaiando. Fica uma ruguinha linda bem aqui, na sua testa."

     Adam foi um personagem muito marcante, não é o bad boy que tenho visto muito ultimamente, mas também não é um príncipe encantado. Ele se apaixona pela Mia ao ver a forma como ela se entrega à música, sendo que ele toca em uma banda que começa a fazer sucesso. A forma como os dois se relacionam é tranquila, não há grandes brigas o dramas, mas fica nítido o quanto se amam.

     A narrativa em primeira pessoa, feita pela Mia, é fluida e emocionante, ainda que não chegue a fazer com que o leitor chore. A leitura é rápida e me fez refletir sobre a fragilidade da vida e sobre a importância de aproveitar as oportunidades que surgem, não deixar para amanhã... Com certeza é um livro muito marcante!

Não tenho o reclamar sobre a diagramação, que está muito bonita, as páginas são amareladas e têm detalhes de notas musicais. A capa é relacionada ao filme, infelizmente a atriz não bate com a descrição da protagonista, mas fiquei mais curiosa para assistir depois de ler. Um detalhe dessa edição é que conta com entrevistas feitas pela autora com os atores que fazem o Adam e a Mia, além do primeiro capítulo do livro Para onde ela foi.

"Você foi um experimento - disse papai. - Surpreendentemente bem sucedido. Achamos que você foi um acaso, mas um acaso feliz, então precisávamos de outro bebê para funcionar como um grupo de controle."

Leitura mais que indicada para os apaixonados por romance, especialmente para quem gosta de uma história que vai além da paixão adolescente!